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Cuidado com o foco apenas em fortalezas

Cuidado com o foco apenas em fortalezas

Em um período recente, parece que se disseminaram diversos modelos de workshops corporativos que trabalham o seguinte conceito essencial:


“Ao invés de buscar corrigir suas eventuais fraquezas, é muito mais produtivo e recompensador para o líder valorizar e alavancar suas fortalezas, seus talentos naturais."


Esta mensagem de “foco em fortalezas” tenta resolver um problema real em muitas organizações, o olhar erroneamente concentrado apenas no que o líder precisa fazer melhor, com relativa pouca atenção a como ele poderia contribuir para melhores resultados ao dar mais vazão ao que ele já faz bem. Além disso, o foco em fortalezas ajuda líderes a construir equipes mais engajadas e produtivas, por meio da atenção à diversidade de competências trazidas por cada colaborador.

O sucesso de público com esta abordagem é garantido. Pressionados por demandas sempre crescentes no dia a dia corporativo, o profissional parece sair deste tipo de treinamento mais leve e autoconfiante: “a verdade é que no meio de tantos desafios e cobranças, tinha de certa forma me esquecido dos meus talentos. Agora me sinto mais pronto para a guerra.”

Mas, cuidado, outro executivo que entrevistamos resumiu assim o seu alívio: “são exigidas muitas habilidades de um líder, mas agora entendi que devemos nos concentrar no que já somos bons. Puxa, ao invés de ficar me dando feedback e pedindo para eu mudar, a empresa tem que me aceitar como eu sou”.

Opa, você notou o “fechamento ao aprendizado” que este último depoimento sinaliza? Ele ilustra o que nós da Atingire temos ouvido, de formas distintas, em dezenas de afirmações equivalentes, feitas por executivos de diferentes níveis.

Sabemos que alguns profissionais quando conhecem melhor suas fortalezas se sentem animados e empoderados para continuar aprimorando-as. Por outro lado, temos observado muitos casos de executivos que estão fazendo justamente o contrário, se fechando ao aprendizado, na linha “em time que está ganhando não se mexe” ou “nisso eu sou bom, quem é você para me dar um feedback?”.

Pois é, ao se perseguir o legítimo objetivo de lidar com um problema real, talvez esteja sendo criada uma séria disfunção! Esta disfunção, caraterizada pelo “fechamento ao aprendizado”, é facilmente compreendida por meio dos sentidos da palavra “fortaleza”. Se por um lado ela tem um significado óbvio de vigor e robustez, por outro lado fortaleza implica também “um lugar seguro e fortificado onde eu me protejo”.

Um lugar seguro e fortificado onde eu me protejo...

  • 1. Será que a mensagem sobre o foco em fortalezas não está sendo perigosamente compreendida por algumas pessoas como uma licença para que elas permaneçam em suas zonas de conforto?
  • 2. Será que não corremos o risco de equivocadamente nos encastelar em nossas fortalezas, ficando menos receptivos a importantes projetos de mudança?
  • 3. Fortaleza, uma metáfora militar, reforçaria uma postura já beligerante e de confronto de muitos executivos em relação a feedbacks de ajuste de comportamentos?
  • 4. Estaríamos transformando fortalezas em prisões e nos afastando do aprendizado continuado, única fonte de vantagem competitiva sustentável para profissionais, equipes e organizações?

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